Moradores de distritos arrasados pela chuva devem se mudar

UMA SEMANA APÓZ AS CHUVAS EM PETRÓPOLIS

Passada uma semana da enxurrada que devastou as comunidades de Buraco do Sapo e Vale do Cuiabá, no município de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, muitos moradores ainda não conseguiram voltar para casa e não têm certeza se poderão continuar morando no local. Diferentemente de outros municípios fluminenses que sofreram com deslizamentos de terra por causa das chuvas, os dois distritos de Petrópolis foram atingidos por uma forte cheia do Rio Santo Antônio, que levou praticamente tudo que havia no caminho.

"Foi tudo muito rápido. Acordamos no meio da madrugada com o estrondo das águas. Não deu tempo de pegar nada", relembra Diana de Lima Viana, moradora do Buraco do Sapo, que perdeu a casa na enxurrada. Ela está abrigada no ginásio da Escola Municipal Dr. Theodoro Machado com o filho de dois anos, marido, mãe e três irmãos. A família divide o espaço no abrigo com mais 100 pessoas, que também perderam tudo e, hoje, dependem de doações.

Nessa quarta-feira, homens do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e voluntários da Cruz Vermelha ainda tentavam encontrar o corpo de um bebê de um ano e oito meses sob toneladas de lama, troncos de árvores e escombros que se acumularam no Vale do Cuiabá.

"Já vasculhei quase toda a área e não encontro (o corpo)", lamentou o motorista de retroescavadeira Marcelo Candido, que está trabalhando no Vale do Cuiabá desde quinta-feira da semana passada (13).

Segundo relato de moradores à Agência Brasil, não há registro de enchente tão violenta quanto a da semana passada. Moradora do Buraco do Sapo há mais de seis décadas, a aposentada Maria Rosa de Melo disse nunca ter enfrentado uma cheia no local.

"Foi muito triste. Saímos às 3h30 da madrugada com água quase no teto e nadamos até o morro. Nem meus óculos consegui pegar", contou dona Maria, em meio a lama e a sujeira que tomaram conta da frente da casa dela. A marca do nível da enchente ainda está bem visível, riscando a parede um pouco abaxo do telhado. "Amanhecemos no morro e víamos até carros sendo arrastados pela correnteza", afirmou.

O motorista serralheiro Gilmar Leite voltou nessa quarta-feira ao Buraco do Sapo e não encontrou a casa de veraneio que lhe servia de endereço nos dias de folga. Com um álbum de fotografias nas mãos, ele parecia incrédulo diante da tragédia. "Isso aqui era um lugar lindo. Não morava aqui, mas vinha todos os finais de semana para cá. Agora, tudo se foi", disse.

Membro de uma equipe de técnicos, engenheiros e topógrafos, o cartógrafo do Instituto de Terras do Rio de Janeiro (Iterj), Joel Dias, esteve nessa quarta nos dois distritos para começar identificar os moradores, catalogar as casas que resistiram à enxurrada e os imóveis que foram comprometidos. "Esse é um trabalho emergencial para apressar o pagamento do aluguel social para aqueles que estão desabrigados", afirmou. Segundo ele, o trabalho só deve ser concluído no fim da semana.

Texto retirado do artigo original do Terra noticias

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